Este blog tem a finalidade de analisar e discutir acontecimentos jornalisticos do cotidiano.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A NOVA CARA DO JORNALISMO

As redações de jornais do mundo inteiro estão cada vez mais enxutas, provando que o avanço da tecnologia está obrigando o jornalismo a recriar sua estrutura de informação. Antigamente era quase impossível saber de um acontecimento no mesmo dia em que ele acontecia, pois a matéria sairia somente no dia seguinte. Nos dias de hoje, com o crescimento quase que anormal da internet as pessoas já podem ter acesso a uma informação em questão de poucos minutos, ou seja, ficou fácil de se comunicar com o mundo inteiro, não importando mais a distância (fator importante para o início do jornalismo).

Um fato que acontece no Japão pode ser visto pelo mundo todo, em tempo real nos portais interativos da internet, que ainda por cima permitem a participação do leitor, com opiniões, criticas, etc. Devido a essa istantaneidade da notícia, os jornais estão procurando por profissionais cada vez mais qualificados tecnicamente com estas novas tecnologias (blogs, sites, portais, ferramentas gráficas). Antigamente o papel do jornalista era somente sair pra rua e usar no máximo um gravador para registrar sua entrevista, e hoje o gravador foi substituído pela câmera digital, que, além de fotografar, faz vídeos, tornando assim a cobertura mais aprofundada e rica de informações.

O profissional que não se adequar a estas novas formas de se fazer jornalismo, agregado a tecnologia, está fadado a ficar sem emprego, ou ser o último a noticiar os fatos.
A jornalista Pollyana Ferrari fala da importância de os profissionais estarem cada vez mais munidos de aparelhos capazes de capturar áudio, vídeo e fotos para a sociedade que procura um jornalismo rápido e de quallidade. “No quesito ganhos, o leitor cada vez mais pode se sentir imerso na reportagem, participando dela, opinando. Não vejo perdas, mas sim trabalho dobrado para o repórter, cada vez mais cobrado por habilidades que sequer eram pensadas no dia-a-dia jornalístico há 5 anos.” afirmou. Pollyana destaca que o jornalista multimídia ainda não é valorizado como seria, mas que acredita que um dia o fator técnica fará diferença para o profissional.

Pollyana Ferrari destaca ainda a importância de todo jornalista ter um blog, pois acredita que esta ferramenta, bastante utilizada nos dias de hoje, pode ajudar a formar a opinião do leitor. “Acho uma experiência fundamental. Não só para treinar a linguagem, mas para criar o hábito diário de se reciclar, navegar. Pois o primeiro passo para entender a blogosfera é navegar muito. Blogueiro realmente incorpora o bordão 24×7. Sete dias por semana, 24 horas ligado.”

A jornalista concluiu falando sobre o “jornalismo” praticado por qualquer pessoa na internet através dos blogs, uma vez que é uma ferramente livre para qualquer pessoa que queira ali expressar suas idéias. “Gosto muito de citar um termo da Ana Brambilla, “cidadão repórter”, onde ela comenta que é superimportante que o cidadão repórter tenha sua atividade profissional, até mesmo para ter propriedade para abordar um assunto de seu pleno domínio em uma reportagem. É aquela história de médicos escrevendo sobre um novo tratamento para o câncer, professores falando de educação, arquitetos comentando questões de urbanismo… além, é claro, de todos transformando seu cotidiano em notícia. Não vejo problema nisso, mas o papel do Jornalista, o editor da notícia, continua o mesmo e vai continuar. Não vejo esta ameaça, que apavora centenas de colegas”.
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A IMPRENSA E SUA PRESSA

Todos os dias tentamos buscar respostas para o péssimo tratamento que nós brasileiros recebemos no exterior. O recente episódio de negação de entrada e repatriamento de cerca de 30 brasileiros no aeroporto de Barajas, em Madri, não é único e nem sequer um fenômeno atual. Ao contrário, os brasileiros têm recebido um tratamento discriminatório, cruel e desumano há mais de 18 anos, nos principais aeroportos do mundo. Nos últimos tempos, incidentes como o de Madri acontecem com frequência em Londres, Paris, Lisboa, Roma, Nova Iorque, Miami e em outras grandes cidades do mundo.

Talvez isso explique o sentimento de revolta toda vez que nos deparamos com notícias que envolvam brasileiros no exterior, mesmo que nem sempre elas sejam repletas de verdade absoluta. Nosso patriotismo e espírito de justiça nos leva a crer que todos os brasileiros que se envolvem em situações desconfortáveis em outros países, estão certos, justamente por sermos tão injustiçados e discriminados perante outros povos.

O caso da advogada pernambucana Paula Oliveira, de 26 anos, que mora na Suiça, não foi o primeiro e nem será o último de tantos outros episódios das graves falhas, ou “barrigadas” da imprensa brasileira, como nós jornalistas costumamos chamar.

No início desde mês, a brasileira que mora na Suíça disse a polícia que foi agredida por um grupo de neonazistas quando saía de um metrô na cidade de Zurique, e que por causa do ataque acabou abortando os gêmeos que esperava. Ela chegou a ligar para os familiares no Brasil para dar a notícia.

Um jornalista bastante conceituado, ao ter contato com o pai de Paula, o também advogado Paulo Oliveira, simplesmente acreditou em sua versão e sem apurar mais nada acabou publicando em seu blog o seguinte furo (notícia em primeira mão): "Brasileira torturada na Suíça aborta gêmeos". Tomando o fato como verdade absoluta, os jornais de todo o país repassaram a informação, sem apurar com o blog, e muito menos com correspondentes na Suíça.

Dois dias depois, Paula Oliveira confessou ser tudo armação. Não existiu agressão, muito menos gravidez.

Em 2001 os médicos descobriram que ela sofre de uma doença chamada Lupus, e que isso pode ter afetado no comportamento da advogada. "As vezes ela tinha perda de memória”, disse a avó de Paula em entrevista ao Fantástico.
A imprensa acabara de cometer um grave erro. E agora? Cabe a nós continuar acreditando em nossos veículos de informação? Que valores nós, futuros jornalistas devemos levar? Esse é o exemplo que devemos seguir dos nossos colegas de profissão, que há anos praticam o jornalismo? Fica ai a pergunta no ar.

O jornalista deve procurar sempre cumprir o seu valor social, que é informar, e não viver de sensacionalismos baratos, que, diga-se de passagem, geram lucros e muita audiência. Será que no mundo capitalista em que vivemos, até a informação de um fato do cotidiano merece essa espetacularização toda ao ponto de fazer com que o Brasil ameaçe levar um caso como este ate a ONU? O que a imprensa brasileira fez foi gravíssimo, podenso ter causado um enorme vexame diplomático entre os dois países. O presidente Lula e o Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim agora devem estar com o rabo entre as pernas, simplesmente por confiarem na imprensa brasileira, que não checou a veracidade das informações sobre o possível ataque a advogada na Suiça.

Outro episódio que manchou bastante a imprensa brasileira foi O CASO ESCOLA BASE. Quem não se lembra? A história virou até um livro, que, hoje em dia tornou-se de fundamental leitura em quase todos os cursos de jornalismo no Brasil.

Será este o preço que pagamos pela avalanche de informações que estamos sujeitos no mundo tecnológico de hoje? mundo este onde os acontecimentos do outro lado do oceano nos chegam em questão de segundos? Os blogueiros e jornalistas de portais online que o digam, pois são os primeiros veículos a publicarem as notícias que chegam de toda parte do planeta. Até quando a população terá que conviver com tais profissionais, que usam da falta de ética no jornalismo para darem o furo e se beneficiarem com a instantaneidade da informação?


Com tudo isso, eu finalizo com a seguinte frase atribuída aos jornalistas:


"A sociedade que aceita qualquer jornalismo não merece jornalismo melhor."
(Alberto Dines)


leia também:

Análise da fraude de Paula Oliveira
Itamaraty oferece ajuda para tirar Paula Oliveira da Suíça

vídeo: entrevista com Ricardo Noblat, jornalista que deu
o "furo" de reportagem no caso Ana Paula

veja também: video mostra com ironia as
barrigadas
da imprensa brasileira